quarta-feira, 11 de agosto de 2010

eu não aguentava mais sempre as mesmas coisas, a paisagem era a mesma, as pessoas, as casas, tudo parecia ser apenas uma repetição dos dias intermináveis...
ao entrar no ônibus me sentei em um dos bancos azulados, era um dia de sorte, lugares vazios eram incomuns. as coisas passavam pela janela formando massas disformes e coloridas, como todos eu me distraía com isso, tentava não pensar.
embora isso fosse impossível, minha mente parecia ter mais forças ativas que eu mesma, era como algo que eu não conseguia controlar, contraditório, pois é da minha própria mente que estou falando, não controlar a si mesmo seja talvez um dos maiores defeitos do ser humano.
um defeito que não pode ser mudado, uma mente ativa é o que sermos nós mesmos, mas minha mente é muito mais ativa do que eu gostaria. idéias idiotas e vontades perversas passavam por ela com tanta rapidez que eu não conseguia captar.
por exemplo, minha vontade momentanea de enforcar a mulher gorda que está batendo com uma sacola roxa em minha cabeça neste exato momento, eu não teria coragem de enforcá-la realmente, mas vontade não me falta.
com freada do transporte vermelho meu corpo vai para frente e para trás com certa rapidez, lei da inércia, newton, o corpo tende a manter seu estado de movimento se não houver uma interferência. física não é uma das coisas que eu mais goste, mas em época de pré-vestibular qualquer motivo é motivo para lembrar as coisas que você escuta falar durante horas, dias, anos, e que em algum tempo não servirão para mais nada.
virtudes da escola.
ensinar coisas que não farão diferença nenhuma na maior parte da sua vida.
com o abrir das portas mais uma multidão entra descompassada pela porta, se espremem pelos pequenos espaços que ainda restam enquanto esquecem da existência da educação, se cotovelando e empurrando.
uma cor chama atenção em meio a massa, azul, claro, límpido, transparante...
não em uma peça de roupa, ou em uma sacola que bate em minha cabeça. mas em um rosto...
olhos.
janelas da alma, segundo poetas, não sabia se eram janelas, mas com toda a certeza eram os mais belos olhos que eu havia visto.
estavam vidrados em uma revista e nem perceberam a menina de cabelos escuros que procurava anciosaente pormais relance daquelas cores.
permaneci olhando, agora minha mente divagava em pensamentos de paz, de calma, de olhos. belos olhos azuis, queria que os meus fossem assim, ou ter alguém que fosse meu com estes mesmos olhos.
algo impossível, mas o que realmente é impossivel para alguém com o mundo nas mãos?

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